Metodologia

A Aprendizagem Cooperativa é uma metodologia na qual estudantes trabalham juntos em grupos heterogêneos para resolver um problema, concluir um projeto ou algum outro objetivo pedagógico. Para o desenvolvimento dessas atividades, os estudantes devem contar com a orientação de um professor ou de um facilitador que será responsável por garantir a presença dos cinco elementos básicos da Aprendizagem Cooperativa, necessários para a correta utilização do método.

Estes CINCO ELEMENTOS BÁSICOS são: 
  • Interação social (face-a-face);
  • Responsabilização individual;
  • Desenvolvimento de habilidades sociais;
  • Processamento de grupo; e 
  • Interdependência social positiva    
(JOHNSON &; JOHNSON, 1998).

HISTÓRIA SOBRE A APRENDIZAGEM COOPERATIVA
Esta metodologia não é nova. Sua origem remonta ao início dos processos de aprendizagem na história humana: Sócrates ensinava a seus discípulos em grupos pequenos, engajando-os em diálogos na sua famosa “arte do discurso”. No início do século passado, Quintilino (35-95), professor de retórica e filólogo conceituado argumentava que os discípulos poderiam se beneficiar ensinando uns aos outros. O filósofo romano Sêneca advogava a Aprendizagem Cooperativa quando disse: “Qui docet discet”, que significa, “Aquele que ensina, aprende”. Johann Amos Comenius (1592-1679), educador e bispo protestante checo, acreditava que os estudantes se beneficiariam tanto ensinando aos outros como sendo ensinados uns pelos outros.

Aceita-se como uma experiência embrionária em Aprendizagem Cooperativa, o método Lancasteriano, que surgiu no final do século 18 com Joseph Lancaster e Andrew Bell, através do uso abrangente de grupos, orientados por monitores, na Inglaterra e na Índia a fim de proporcionar a educação de “massas”. Na época, essa metodologia era conhecida como o método Mútuo ou da Educação Mútua. Essa aplicação, no entanto, estava carregada de utilitarismo e tinha como objetivo oferecer uma opção de educação básica universal com pouco investimento financeiro.

Em 1806, essa idéia foi exportada para a América do Norte com a fundação da Escola Lancaster, em Nova York. E foi a partir daí, nos Estados Unidos, que a Aprendizagem Cooperativa começou a ser estudada, sistematizada e compreendida como uma metodologia sólida, através de uma grande expansão, tanto na sua aplicação, quanto no aprofundamento teórico.

O “Common School Movement”, movimento norte-americano que teve início na década de 1830, em meio a um país em transição da era colonial para republicana, lançou a mudança da concepção da educação como uma questão privada e familiar para uma educação universal como instrumento de promoção da democracia. Esse movimento, que construiu a base do atual sistema de ensino público norte-americano, possuía uma forte ênfase em Aprendizagem Cooperativa.

Nas últimas três décadas do século 19, o uso que o Coronel Francis Parker fez da Aprendizagem Cooperativa, dominou a educação norte-americana. A finalidade primordial de Parker, ao utilizar essa metodologia, era facilitar o desenvolvimento de uma sociedade verdadeiramente cooperativa e democrática. Nas primeiras décadas do século 20, John Dewey, filósofo, psicólogo e reformador educacional norte-americano, promoveu o uso de grupos de Aprendizagem Cooperativa como parte de seu método.

No entanto, no final dos anos 30, por uma série de fatores, em especial econômicos, a competição interpessoal, com uma exagerada ênfase no individualismo, começou a destacar-se nas escolas públicas norte-americanas. A mudança de paradigma foi tão forte que, nos anos 50, a competição era considerada a forma mais tradicional de estimular a interação entre os estudantes e de promover melhores resultados na aprendizagem.

Em meados dos anos 70, diversos pensadores norte-americanos retornaram ao estudo e à utilização da Aprendizagem Cooperativa. Dentre eles, destacamos dois irmãos e professores da Universidade de Minnesota, em Minneapolis, David W. Johnson (psicólogo social) e Roger T. Johnson (pesquisador educacional). Eles começaram a pesquisar a interação estudante-estudante e as suas relações com o processo de aprendizagem. A partir da obra de Morton Deutsch, eles criaram a base teórica atual da Aprendizagem Cooperativa, por meio de pesquisas e projetos práticos de aplicação da metodologia que continuam sendo desenvolvidos até hoje no Centro de Aprendizagem Cooperativa. O programa de Aprendizagem Cooperativa, da Universidade de Minnesota, ensina os conceitos-base da efetiva interação discente para que os educadores possam modificar e adaptar os princípios básicos da metodologia para a sua própria realidade.

Na Europa, destacam-se duas grandes linhas de estudos sobre grupos cooperativos: a aprendizagem para cooperar como meta educativa, com ênfase no desenvolvimento de competências sociais, em Oxford, Grã-Bretanha; e a linha da aprendizagem por meio da cooperação, investigando-se, sobretudo, a relação entre cooperação e inteligência, na Escola de Genebra. Outros países que possuem estudos sobre a metodologia de Aprendizagem Cooperativa são: Noruega, Suécia, Israel, Canadá, Austrália e Portugal.

Na escola, na sociedade, acostumamo-nos com a idéia de que aluno é “balde de despejo” de professores, estes, figuras centrais do saber, impõem sua didática, seus conteúdos, a fim de obter respeito e atenção de seu mero receptor. Na abordagem tradicional, o aluno deve esforçar-se para superar suas dificuldades e captar a mensagem, sendo tratado igualmente no caminho cultural em direção ao saber, mas, há algumas décadas, outra abordagem pedagógica tenta modificar essa realidade.

A aprendizagem cooperativa é essa abordagem, trabalhando com instrumentos como interdependência positiva, responsabilização individual, interação promotora, habilidades sociais e processamento em grupo, desenvolve uma visão mais dinâmica de aprendizado onde o aluno passivo das salas de aulas tradicionais desenvolve sua pró-atividade e o professor torna-se facilitador, não derramando mais o conhecimento e sim gerindo atividades para que ele brote.

O aluno torna-se responsável pelo aprendizado, aumentando o sentimento de pertença à instituição pedagógica, cria relações de confiança e amizade com os integrantes do grupo, além de ter a responsabilidade sobre o êxito ou fracasso dos resultados, o que tem valiosa influência sobre a sua auto-estima.

No Ceará, essa abordagem começou a ser utilizada com o Programa de Educação em Células Cooperativas (PRECE), projeto de extensão da UFC transformando a vida de vários estudantes do Interior do Estado, que através da metodologia de aprendizagem cooperativa conseguiram ingressar na Universidade Federal do Ceará (UFC).

Em 2009, criou-se o Programa Células Estudantis de Aprendizagem Cooperativa, com o objetivo de difundir essa metodologia na Universidade. Cada bolsista articulador de célula, além de possuir um grupo de estudo cooperativo, deve participar atividades interativas e de formação na metodologia.

5 comentários:

  1. como usar a metodologia em turma numerosas?

    ResponderExcluir
  2. Muito interessante a forma de interagir com o estudante

    ResponderExcluir
  3. Existem alunos que gostam de esperar o que o professor trás para partilhar, permanecendo passivos e ignorando suas habilidades. Mudar a forma de pensar deste tipo de aluno?
    Existem tambem alguns professores que gostam de ser o centro das atenções, não dando espaço para aprendizagem cooperativa, como ultrapassar isso?

    ResponderExcluir
  4. Essa é uma actividade que ajuda muito no crescimento do estudante

    ResponderExcluir
  5. Gostei bastante. Muito bom mesmo, parabéns! Estou redigindo um TCC com o Tútulo "A Importância da Aprendizagem Cooperativa no Desenvolvimento dos Educandos". Farei uma ou algumas citações de seu trabalho.
    Prof. Gilmar Garcia

    ResponderExcluir